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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Minha vida no Sertão

Nos últimos seis meses minha vida tem sido percorrida por uma ponte "rodoviária" entre Santana do Ipanema/AL e Escada/PE. Embora seja uma experiência cansativa foi também uma experiência de muito aprendizado. Isso ocorre porque no ambiente de sala de aula o processo de ensino-aprendizagem é uma via de mão dupla. Da mesma forma que a gente passa conhecimento para os alunos, acabamos também na condição de eterno aprendiz e aprendemos muito com eles, sobre eles, e, principalmente sobre o lugar deles, e nesse caso, o Sertão.
Nesse semestre lecionei as disciplinas de Sociedade, Natureza e Desenvolvimento e Seminário Integrador I nos cursos de Ciências Econômicas e Ciências Contábeis. Embora as disciplinas sejam as mesmas nos cursos, a dinâmica das turmas é totalmente diferenciada e os resultados completamente diferentes para o mesmo conteúdo dado.
A turma da tarde (Economia) é bem jovem, recém saídos do Ensino Médio, em sua maioria, adolescentes, aprendendo a viver suas próprias vidas, descobrindo um mundo que passou a ser revelado com as leituras feitas. São como sobrinhos que a gente vai guiando na vida, uns amores, e o melhor, sem vícios acadêmicos.
Turma de Economia

Já a turma da noite (Contábeis) é mais amadurecida, em sua maioria jovens trabalhadores que estudam à noite, ansiosos por conhecimento, críticos, desbravadores do mundo acadêmico, extremamente apaixonantes...dá vontade de oferecer o mundo pra eles.
Turma de Contábeis

Na finalização da disciplina fiz questão de ressaltar o quanto aprendi com eles, o Sertão se mostrou muito mais lindo do que já é, assim como, um mundo que precisa ser conhecido, e melhor, conhecido a partir da perspectiva e do olhar dos verdadeiros sertanejos ou daqueles sertanejos de coração, que são agregados, assim como eu hoje.
O mais importante de tudo nesse período foi perceber e valorizar essa terra que é tão rica em belezas naturais e culturais e, o melhor de tudo foi ouvir isso dos alunos no último dia de aula, ou seja, um resgate da valorização do que é o Sertão e se reconhecer como sertanejo nesse processo. Para finalizar a disciplina as turmas também escolheram formas diferenciadas de se confraternizar. A turma de Economia decidiu fazer um passeio com turismo ecológico e cultural em Pão de Açúcar e a turma de Contábeis optou por fazer uma reunião com música, poesia, amigo doce e risadas.


Felizes... no início da caminhada
Na turma de Economia fomos conhecer a Pedra do Navio, uma subidinha de 20 minutos, segundo Lidianny, moradora de Pão de Açúcar.  No entanto, essa pequena subida durou três horas só para chegar na pedra... acho que subimos uns 3.000 metros de altitude e uns 5 quilômetros de escalaminhada e como eu era responsável por todos, além de estar também super esgotada, precisei dar apoio moral para Rodolpho que reclamou a subida inteira, compreensivamente, mas que queria desistir a cada 5 minutos, e eu lá: você vai conseguir, falta pouco... mas andamos tanto que comecei a pensar que a gente chegaria no céu. No meio do caminho encontramos um oásis no deserto, um poço com água gelada para refrescar nossos corpos e nossos juízos, tudo de bom... enfim chegamos na pedra, uma vista maravilhosa, exuberante, perfeita... no fundo o Rio São Francisco e a imensidão de suas águas dividindo os Estados de Alagoas e Sergipe. 
Nosso oásis

A vista que se tem da Pedra do Navio

Valeu à pena...


Quase esquecemos de todo sofrimento da subida, com exceção de um pequeno detalhe: teríamos que voltar numa caminhada de pelo menos duas horas... oh céus... no meio do caminho dois alunos (Cláudio e Jefferson) se perderam, um pouco de aperreio para esquentar o juízo já derretido com o calor do Sertão.
No final, o guia os encontrou e nossa aventura na pedra do Navio durou 6 horas...exaustos, esfomeados e sedentos fomos almoçar em Pão de Açúcar... a cidade é bem agradável, gostosa, com monumentos plagiados de Brasília e Rio de Janeiro... no entanto, o que Pão de Açúcar tem de melhor é estar localizada às margens do Rio São Francisco, com sua água límpida e fria nos convidando para um banho merecido e "precisado" a essa altura do campeonato. Fechamento com chave de ouro! Recomendo!
A Serra Grande, onde fica localizada a Pedra do Navio

Descansando os pés

O Rio São Francisco visto do Cristo Redentor em Pão de Açúcar

O Cristo

O melhor de tudo... recarregamos as baterias!

Na reunião de Contábeis houve um pouco de tudo: poesia, música ao vivo, muitas fotos e acima de tudo muito carinho e amizade mútua, dava para ver no semblante de cada um ali presente. Mais surpreendente foi vê-los declamando poesias ... um pouco de tudo: Drumond, Quintana, Patativa do Assaré, Chaplin e Fernando pessoa ... todos esses nas vozes de Jéssica, Marcos, Maira, Márcia e Lídia... tem coisa melhor? Tem... ouvir uma poesia escrita por Thaís, linda como ela... assim como, ouvir Renato Russo com a "Banda Voou" não tem preço... e as músicas de Pernambuco? me senti em casa, pois a a banda completa (o mesmo cantor, tocador) era pernambucana. No segundo momento fizemos um amigo doce, uma maravilha, ficaremos alguns quilos mais gordos, mas extremamente felizes depois de tanto chocolate.
A Banda Voou

Só as meninas

Thaís se aproveitando da situação!

Assim, gostaria de de dizer a todos que cada um à sua maneira, do seu jeitinho fez diferença na minha vida, e espero também ter feito diferença na vida de vocês, daí me lembrei das palavras do Khalil Gibran:

Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas quando parte, nunca vai só nem nos deixa a sós. Leva um pouco de nós, deixa um pouco de si mesmo.

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