Total de visualizações de página

terça-feira, 20 de março de 2012

À espera de um milagre

Esse é o título de um dos mais belos filmes que já assisti... é aquele tipo de filme que só se assiste uma vez e ficamos marcados por ele o resto da vida. No meu caso, só assisto esses filmes uma única vez, pois não tenho mais coragem de assistir novamente, são pesados demais para vermos novamente! E como o título diz, o filme nos leva a essa espera... nos leva também a entender que há coisas que simplesmente já estão escritas para acontecer e que não há uma explicação lógica para tudo!

E é esse sentimento que passa por mim desde a última quinta: "esperando milagres"... mas aí consigo perceber quantos milagres nós já vimos, foram tantos, alguns tão pequenininhos que a gente nem percebe na correria do dia a dia, pois a gente fica procurando sempre algo inexplicável e fora do comum...
Tudo isso é simplesmente para falar do meu sobrinho Lucas que já fez parte das estórias contadas aqui. Como todos sabem, ele sofre de uma síndrome extremamente rara chamada de esclerose tuberosa e que estávamos esperando um tratamento alternativo. Para isso foram feitos novos exames para avaliação do seu atual quadro clínico. Dependendo do resultado dos novos exames talvez ele fosse encaminhado para tratamento com uma nova droga que está sendo testada em São Paulo.
Qual o grande problema disso? distância? Não... por mais doloroso que fosse a ausência, esse seria o menor dos problemas a serem superados!
O problema maior é que o novo tratamento ainda está em fase de teste, só chegou aqui no Brasil em 2010 e direcionado apenas para pacientes que apresentam tumores no cérebro significativamente grandes e sem possibilidades de cirurgia. Embora venha apresentando resultados positivos há efeitos colaterais, principalmente relacionados a baixa imunidade, precisando de acompanhamento intensivo de uma equipe médica. 
O fato é que saiu o resultado do exame do Lucas e o diagnóstico mostrou que houve um crescimento significativo (1 cm) do seu tumor localizado no cérebro. Em janeiro,  a junta médica do Oswaldo Cruz havia solicitado que tal tratamento fosse trazido aqui para Pernambuco, pois serviria também como especialização da equipe médica daqui...no entanto, o problema é que Lucas é a única criança diagnosticada com a doença no Estado e que o custo-benefício seria muito alto, ou seja, era preciso ter mais casos para compensar o desenvolvimento e o fechamento das atuais pesquisas.  Além disso, apenas 5 pacientes estão usando a droga no momento, embora venham apresentando resultados positivos, nada pode ser chamado de dados conclusivos.
Ou seja, de acordo com a oncologista a localização do tumor pode trazer danos em caso de cirurgia e em caso do tratamento com a nova droga, não existem garantias. Que decisão tomar? É muito difícil para uma mãe tomar uma decisão dessas, pois as duas possibilidades implicam em efeitos colaterais. Digo isso, principalmente, porque quem olha para Lucas não percebe, de imediato, que tenha algo errado com ele. Ele tem um olhar tão expressivo e cheio de vida, que pensar em tirar isso dele, nos deixa muito tristes. É um olhar que transmite muita paz e que a gente não vê sofrimento relacionado à doença.
Assim, entregamos nas mãos de Deus pedindo orientação e é por isso que estamos à espera de mais milagres na vida de Lucas e temos certeza que eles virão como sempre vieram, pois confiamos Naquele que nos fortalece.



sexta-feira, 9 de março de 2012

Ser mulher nos tempos modernos

Pensem numa tarefa difícil no dias de hoje...
Antigamente, penso que ser mulher tenha sido mais fácil, com certeza talvez mais doloroso, sacrificado, preso, mas acredito que apesar de tudo tenha sido mais fácil, pois as expectativas sobre nós praticamente não existiam, a não ser a de ser mãe e esposa de maneira incondicional. Não conseguir chegar a esse estágio era como não ter mais nenhuma expectativa na vida, como uma aposentadoria sem benefícios. Lembro que uma vez, ainda adolescente, ouvi uma vizinha da minha mãe dizer:

- Se eu chegar aos 30 anos e não me casar, eu me mato!

Fiquei um pouco chocada na época, pois lembro que ela já estava na casa dos 28, 29 anos e comecei a imaginar a sua vida em contagem regressiva, com tempo pré-estabelecido para terminar e foi aí que decidi que se o meu tempo de casar não chegasse, eu não queria ver minha vida terminar sem ter nenhum propósito a seguir... (felizmente ela casou à tempo e segue vivinha até hoje com o marido e os dois filhos! Ufa!!!). Claro que o pensamento mais liberal da minha geração contribuiu para isso. Muitas pessoas contribuíram para a formação desse pensamento, principalmente as mulheres que participaram do grupo de mulheres daqui de Escada, o MOEMA. Estudar também ajuda muito nessa formação, principalmente na faculdade, onde começamos a encontrar outras mulheres que também pensam como a gente pensa e aí você se dá conta de que não está sozinha e que a nossa geração ela tem um diferencial se comparado com a geração anterior: informação!
No entanto, nós queremos sempre um pouco mais. É difícil nascer numa fase de transição como a que estamos vivendo, pois ao mesmo tempo em que buscamos nossa independência (financeira, social, emocional), também não queremos abrir mão do cuidado e da proteção dos nossos companheiros, do tipo "amante à moda antiga e que ainda manda flores"!
E cá estou eu, casada (antes dos 30, que alívio heim!!!rsrs), com filhos, emprego, casa e, o mais importante: liberdade para fazer tudo aquilo que eu achar que é o melhor para mim, sem que ninguém determine quais caminhos seguir e o que fazer! Mas, mesmo assim, não quero abrir mão do cuidado, da proteção, da gentileza de quem está ao meu lado, acho essencial para qualquer relação, é bom nos sentirmos cuidadas, quando pela nossa própria natureza, acabamos cuidando de tudo e de todos ao mesmo tempo. Liberdade financeira e social não significa necessariamente liberdade afetiva, pois a emoção é inerente à nossa natureza, nos faz desabrochar a cada dia.
Ontem foi um dia especial para mim e para as mulheres da minha família... ouvir minha mãe dizer que o meu pai ligou pela manhã para desejar um feliz dia das mulheres não tem preço, principalmente para nós que convivemos com a relação matrimonial difícil que eles têm. Ganhamos chocolate de Tiago, nosso admirador nada secreto e fomos presenteadas com rosas vermelhas dadas pelo meu irmão. Mas, a melhor e mais feliz notícia foi dada pela minha mãe mostrando o teste de gravidez com resultado positivo da minha irmã Sandra, pois está realizando um sonho antigo... e breve teremos mais um bebê na família!
Quanto à geração de mulheres independentes, é estranho ouvir mulheres dizerem que são felizes apenas com o casamento na vida delas... acho estranho, mas altamente compreensível, afinal, estamos num momento de transição quanto à evolução feminina e isso acaba fazendo parte do nosso cotidiano. Também já ouvi falar que o mundo anda louco pela ausência das mães em casa para repassar regras e valores aos filhos, isso as vezes me deixa com um pouco de sentimento de culpa e começo a avaliar se as minhas escolhas são as melhores em relação aos meus filhos... sei que não sou mãe em tempo integral, foi uma opção que fiz e espero não errar tanto, pois errar também faz parte da vida.
Mas acredito fielmente na seguinte frase: nós somos referências para os nossos filhos, se somos pessoas melhores, nossos filhos tenderão a ser... não é uma regra, claro, mas me dá um certo alivio, pois tento educar pelo exemplo.
Fácil? Nunca é, afinal estamos o tempo todo sendo cobradas por querermos a igualdade de direitos em relação à condição masculina, do tipo: te vira! Nunca errar por querer ocupar espaços anteriormente ocupados pelos homens. Dar conta de casa, marido, filhos, profissão, formação e ainda estarmos com "tudo em cima" determinado pelos padrões modernos de beleza!
Mas, o legal de tudo isso é que quando queremos, conseguimos chegar, ao menos, perto de tudo e percebemos o quanto somos grandes diante de tantos desafios, por isso, não gosto de pensar que nunca serei boa em tudo, prefiro pensar que procuro fazer o melhor naquilo que me propus a fazer.

Desejo a todas as mulheres que fizeram ou fazem parte da minha vida, muita certeza nas escolhas que fizeram na vida, tenham certeza de que também contribuíram para me tornar a mulher que sou hoje: de bem com as escolhas que fiz, pelo menos, por enquanto, afinal a mudança faz parte da nossa natureza!