Total de visualizações de página

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Entre mães e filhas

As relações entre mães e filhas podem ser ao mesmo tempo extremamente ligadas por um fio de amor como por um condutor elétrico, ou seja, dando choques à todo tempo. Eu sou do tempo em que notas boas eram motivos de orgulho para minha mãe... não tinha isso da mãe acompanhar o filho durante o período letivo, pois a única coisa que importava era a aprovação no final do ano. Hoje, aprovação final na escola virou moeda de troca!
Isso tem me deixado muito preocupada, pois estou vivenciando esse sentimento dentro de casa. Não digo que estou vivenciando uma relação de amor e ódio, mas com certeza, uma relação de amor e choque! Talvez seja apenas choque de ideias ou de gerações, mas isso tem deixado os ânimos exaltados lá em casa...
Lembro da minha adolescência, também não foi fácil nem para mim e muito menos para a minha mãe... vivíamos às turras o tempo todo, mas do meu ponto de vista, eu estava sempre certa... e agora? quem está certa e sob qual ponto de vista?
Cada uma à sua maneira quer estar certa, no entanto, sei que por experiência o caminho a ser seguido é o caminho apontado por mim... o problema é, como fazê-la entender? Não tenho resposta para isso, nem receita a ser seguida. As vezes me questiono: onde estou errando? o que devo fazer?
Pois é justamente esse sentimento que eu tenho: o de estar errando o tempo todo!
No entanto, a única certeza que eu tenho é a de querer acertar, mesmo errando muitas vezes...
Agora sei o quanto minha mãe sofreu comigo, pois em muitas atitudes de Dandara me vejo nas suas ações, só não lembro do alto nível de mau humor e estresse... será que isso é reflexo da modernidade na qual estamos envolvidos? É muito sofrimento por tão pouco e as vezes até por nada, pelo menos para mim que não vejo problema algum.
Um segundo de tranquilidade... tenho que aproveitar né...
Mas tento, na medida do possível, me colocar no lugar dela e relembrar que também passei pela turbulência da adolescência e sempre que me recordo, associo minha adolescência a muito sofrimento: magra, feia, pequena, cabelo curto, pernas finas e sem dinheiro para nada! Quer mais? Nenhum menino olhava para mim!!!rsrsrsr
Pelo menos, como as gerações são diferentes, as necessidades são diferentes e os desejos extremamente caros, enquanto eu queria uma roupinha decente para ir na festa da padroeira, ela quer Ipad, bicicleta, violão novo, óculos...tudo ao mesmo tempo agora!
Aliás, ela quer não, ela exige! No entanto, também sei que quando conseguimos as coisas fáceis demais a gente nunca valoriza o que tem, pois sempre algo novo vai surgir e gerar uma nova necessidade e logo, uma nova exigência e isso tem sido difícil de fazê-la entender... nem sempre a gente consegue ter tudo que a gente quer e que o "NÃO" também significa aprendizado. A vida é assim! 
Aí lembrei de um texto que li há algum tempo... que fala sobre as mães más e daí me senti um pouco melhor e menos dura, pois sei que tudo que faço é por amor e pela certeza de querer encaminhá-la para a vida real. 

“Um dia quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães, eu hei de dizer-lhes:

- Eu amei-vos o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.

- Eu amei-vos o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.

- Eu amei-vos o suficiente para vos fazer pagar os rebuçados que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro, e vos fazer dizer ao dono: “Nós tirámos isto ontem e queríamos pagar”.

- Eu amei-vos o suficiente para vos deixar ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.

- Eu amei-vos o suficiente para ter ficado em pé, junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o vosso quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.

- Eu amei-vos o suficiente para vos deixar assumir a responsabilidade das vossas acções, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo, eu amei-vos o suficiente para vos dizer NÃO, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em alguns momentos até odiaram).

Estas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci... Porque no final vocês venceram também! E qualquer dia, quando os meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães; quando eles lhes perguntarem se a sua mãe era má, os meus filhos vão lhes dizer:

“Sim, a nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo...As outras crianças comiam doces no café e nós só tinhamos que comer cereais, ovos, torradas. As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvetes ao almoço e nós tinhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. Tinha que saber quem eram os nossos amigos e o que nós fazíamos com eles.

Insistia que lhe disséssemos com quem iamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos. Ela insistia sempre connosco para que lhe disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade.

E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata!

Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos; tinham que subir, bater à porta, para ela os conhecer.

Enquanto todos podiam voltar tarde tarde da noite com 12 anos, tivemos que esperar pelos menos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata levantava para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar).

Por causa da nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência.
- Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em actos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime.

FOI TUDO POR CAUSA DELA!
Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o melhor para sermos “PAIS MAUS”, como a minha mãe foi. EU ACHO QUE ESTE É UM DOS MALES DO MUNDO DE HOJE: NÃO HÁ SUFICIENTES MÃES MÁS!

Aquelas que já são mães, que não se culpem, e aquelas que serão, que isso sirva de alerta!
(Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatra)

sábado, 19 de novembro de 2011

Ainda bem!!!!

"Ainda bem" é o título da nova música da talentosa Marisa Monte e claro não poderia perder a oportunidade de escrever sobre mim e sobre a música como pano de fundo. Tem coisa mais romântica do que isso? A música fala da descoberta ou redescoberta do amor para uma pessoa que não acreditava mais nisso. Ótima para dançar à dois, coladinho, olhando no olho, sorriso no canto dos lábios, entrega...tudo de bom!


Acredito que a dança à dois, assim coladinho, deveria sempre compor a receita de qualquer casal, pois tem a ver com cumplicidade, paixão, pimenta...de vez em quando faço isso, mas que deveria ser um pouco mais constante, pois a gente nem percebe e a rotina adentra a nossa vida, e quando nos damos conta, já foi! 
E quando isso acontece temos uma lista enorme de motivos que justificam nossas falhas: trabalho, contas à pagar, filhos, falta de tempo, de dinheiro, enfim, questão de prioridades.
Mas quando colocamos o amor e a nossa vida como prioridades?
Eles se tornam prioridades quando estamos na fase da conquista e tudo tem um motivo para agradar e conquistar o outro, uma roupa nova, um lugar, uma música, um bilhete apaixonado, uma langerie, ou seja, tudo gira em torno da conquista e aí o prêmio: conseguimos!!!
E manter o amor? Será que é algo que sabemos fazer? 
Essa é a pior parte de uma relação... pensei sobre isso recentemente... e o pior é que nem sempre é preciso fazer coisas mirabolantes ou muito caras, coisas simples, no dia a dia, podem suprir essa necessidade de conquista, de saber que você é importante para o outro, de saber que o outro ainda se interessa por você e te valoriza pelo que você é, pelas suas qualidades, mas principalmente pelos seus defeitos.
Essa semana senti saudade de sair à dois, faz tempo que isso não acontece, há alguns meses demos uma fugidinha e fomos para o cinema, tudo de bom e que Dandara nem sonhasse com isso, pois é fanática por filmes, mas precisávamos fazer isso para lembrar que acima de tudo somos um casal, embora sejamos família ao mesmo tempo. 
Isso é muito complicado, pois apenas uma linha tênue consegue separar e distinguir as duas formas de relações, pois uma não pode sobrepor à outra, mas conviver harmoniosamente. O problema é que com a rotina e com o dia a dia, geralmente a relação familiar se sobrepõe à relação à dois, e nessa zona de conforto ficamos, até que um perceba e queira cair fora!
Mas, "ainda bem" que um ou outro acaba proporcionando momentos à dois e que isso acaba fazendo diferença ao final do dia. Hoje, pela manhã acordei e Tarcísio já havia saído para ir à feira comprar frutas e verduras. De camisola básica, cabelos desalinhados, olheiras estava lavando pratos na cozinha quando ele chegou, me abraçou, me deu um "xero" e disse:

- Bom dia meu amor, você está bem?
- Estou e você? dormiu bem?
- À prestação (rimos!!!)

O problema é que Enzo passou a madrugada inteira acordando a cada 15 ou 20 minutos chorando e perguntando:

- Meu pepeu, meu pepeu???? (chupeta).

Coisa simples ou besta??? Não para mim que ganhei o dia, pois são nessas pequenas coisas que o amor vai se construindo e se redescobrindo a cada dia, "... você veio pra ficar, você que me faz feliz ... tudo se transformou, agora você chegou..."




quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Eu era feliz... e sabia!!!!

Essa semana tive momentos de nostalgia e lembrei dos velhos e bons tempos de criança...
E aí eu percebi o quanto foi boa essa fase, uma infância inocente, ingênua, pura e acima de tudo, sadia!!!
Ontem eu e minha irmã Betânia, conversamos sobre isso e voltamos no tempo...relembramos muitas coisas...simples...do dia a dia de crianças sem muitas opções, mas com o mundo a nossa volta, então me lembrei da música dos Backyardigans (desenho infantil que Enzo assiste de vez em quando!) que diz o seguinte:

"Temos o mundo inteiro no nosso quintal
Sempre encontrando coisas novas para brincar..."

E era assim mesmo, na ausência de tudo, nós inventávamos e reinventávamos todos os dias no nosso quintal, que era um sítio bem pequeno limitado pelos fundos da casa, por uma rede de esgoto, uma cerca do vizinho e o rio Ipojuca. Nossa, nós aprontávamos muito todos os dias, brincávamos de índio, de guerra, de escola, de esconde-esconde, de casinha, de balanço, de inventor... tanta coisa...teve um dia que, imaginamos que havia um intruso que vinha mexer em nossos "brinquedos" à noite e resolvemos fazer uma armadilha. O sítio tinha uma trilha e no lugar onde havia mais mato e pés de banana, resolvemos cavar um buraco bem fundo e encher com lama, daí cobrimos a armadilha com folhas para "pegar" o intruso... e daí que depois de dois dias nada havia acontecido, então praticamente esquecemos dela. No terceiro dia começamos a brincar de correr... minha prima Márcia (filha de tio Zé Alberto) tinha um cachorrinho bem branquinho e bem pequeno chamado Tobby (em homenagem ao Tobby do Balão Mágico) e ele adorava correr atrás da gente, e assim, um a um começou a correr pela trilha e pular a armadilha e nessa estória, Tobby sobrou e pisou bem em cima da armadilha, como ele era pequeno, só ficou com a cabeça de fora gritando... quando olhamos para trás, ninguém aguentou de tanto rir do bichinho... lembro como se fosse hoje, meu primo Marcelo pegando ele pelas duas patinhas e levantando... o bichinho estava todo sujo de lama... e o problema depois disso era: como contar para a minha tia, pois ela havia dado banho nele naquele dia!
O problema era que nós apanhávamos por qualquer coisa, já era normal, não era espancamento, mais umas boas chineladas, beliscões e para os casos mais graves, uma "piza" de cinto básica... mas o interessante disso é que sobrevivemos a tudo isso sem traumas, sem psicólogos e sem bullyng!
Assim, não poderia falar da minha infância sem mencionar o sítio da minha vó no Engenho Barra, lá vivi os melhores e mais intensos dias da minha infância... se o meu quintal era do tamanho do mundo, o sítio para mim era do tamanho do universo diante de tantas possibilidades inimagináveis, mas acima de tudo criativas. Lembro que eu, meus irmãos e vários dos meus primos e primas chegávamos lá no primeiro dia de férias e lá as férias eram mais que perfeitas, detalhe: não havia energia e nem água encanada!
Eu, vó e Enzo ainda bebezinho!
A diferença é que esses pequenos detalhes não eram vistos como problemas, mas como novas possibilidades de brincadeiras. À noite, nada melhor do que fogueira, lua cheia e escuridão para contar estórias de terror, casos estranhos do passado e "causos" inventados. Os contadores de estórias era meus avós e um senhor que agora não me recordo mais do nome, mas que aprendi a gostar de estórias de cordel com ele, pois todas as suas estórias eram rimadas, pois adorava e era um colecionador da literatura de Cordel.
E a falta de água era o melhor motivo para tomar banho de rio, de bica e de "cacimbão" do sítio... um local especialmente reservado para as mulheres por ser bem escondido e nos dando um pouco mais de privacidade!
Era nessa casinha simples que os netos se abrigavam,
hoje fiquei tentando imaginar como cabiam tantos!
Depois de tantas lembranças, não aguentei, fui correndo para casa de voinha hoje, só para vê-la, escutar suas estórias e recordarmos juntas esses dias maravilhosos e, de uma coisa tenho certeza e concordo com  o que minha irmã disse ontem: minha avó tem hoje 91 anos e está passando por essa vida sem reclamar de nada! Digo isso porque por conta da idade, ela já não enxerga mais... no entanto, lembra de tudo e de todos! Por conta da visão ela já não tem mais condições de cozinhar, uma de suas paixões, nem de costurar ou varrer o "terreiro" todos os dias quando acordava às 4 da manhã, e quando acordávamos, já tinha cheiro de café torrado por ela na mesa, comidinha simples, mas extremamente maravilhosa, do jeito que só ela sabia fazer!
 E hoje, como ontem, foi um dia de recordar... e recordar é viver!!!
As galinhas e pintos que sobreviveram à nos!!

Entrada do sítio!

Lembro que no sítio meus avós criavam vacas, cabras, galinhas e patos e é claro que nos dias festivos um desses acabava indo para o fogão e aí que me apaixonei por um pato pois cuidava dele com um carinho todo especial e nesse dia havia chegado a sua hora de ir para a panela... foi um "Deus nos acuda", uma confusão para que ele não fosse morto, mas não teve jeito, minha avó tratou de torcer seu pescoço, imagina a cena que eu vi: ele não havia morrido, acho que ele ficou desmaiado e de repente saiu correndo com o pescoço caído para o lado e minha avó correndo atrás dele. E eu dizia: o bichinho tá vivo, ele tá vivo!
Resposta da minha avó: tira essa menina daqui senão, enquanto ela tiver pena desse pato, ele não morre!
No final das contas: vi o bichinho pela última vez esquartejado no prato dos meus primos na hora almoço! (rsrsrs) Mas sobrevivi!
Em outro momento eu e minhas primas Rosinha e Rosana, fomos as algozes de um pintinho que escolhemos para brincarmos de "cozinhado", ou seja, matamos, limpamos e colocamos na panela para "almoçarmos" quando estávamos brincando de casinha... no final da tarde, minha avó contou os pintinhos e notou a diferença, mas eis a conclusão que ela chegou: deve ter sido raposa ou cobras que pegaram ele... e nós, caladas estávamos e caladas ficamos... só hoje ela descobriu quem tinham sido as raposas e as cobras que devoraram o pintinho (rsrsrs).
São tantas estórias, minhas, dos meus irmãos, dos meus primos, daria até um livro... quem sabe né? memórias da nossa infância simples e feliz!
No entanto, o que me entristece é saber que meus filhos nunca terão uma infância livre e criativa, eles podem até ser felizes, mas tenho certeza que o processo de descoberta do mundo, da criatividade, do improviso talvez eles nunca tenham a oportunidade de vivenciar!
Dandara ainda pequena tomando banho de rio!

Excursão de bike rumo à casa de vó!

A recompensa depois das pedaladas!

Obrigada vó querida por me proporcionar os melhores dias da minha infância, por seu carinho e amor desmedido, por me ajudar a ser a pessoa que sou hoje, pois na sua simplicidade nos deu tantas lições de vida e sobre isso ela me dizia hoje... mas eu sou uma analfabeta...e eu respondia, mas a senhora sabe tanta coisa, me ensinou tanta coisa, curou tantos netos e bisnetos com suas receitas... queria fazê-la entender o quanto é sábia e importante para nós!
Mas tenho certeza que ela sabe o quanto é amada e querida por todos, por isso fiz questão de dizer o quanto  é amada por mim e que ela fez diferença para tornar minha infância mais feliz!



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O bom filho à casa torna...

Lucas, o nosso filho amado!
Depois de tantos acontecimentos que ocorreram nas últimas semanas, um me chamou a atenção! Antes de ir para o assunto propriamente dito do post, preciso contextualizar o assunto de hoje com um fato que aconteceu na aula de Sociedade, Natureza e Desenvolvimento do curso de Contábeis da UFAL em que discutíamos sobre a construção do conhecimento ao longo da história da vida humana, e foi-me apresentado um livro/filme que tratava das conexões que permitem a evolução humana no planeta. O nome do livro é "A profecia Celestina" do James Redfield. Depois que li o livro durante o último fim de semana pude entender na prática porque algumas coisas acontecem em nossa vida sem entendermos muito bem o por que de tal acontecimento... claro que cada um, ao final do livro, tira as suas próprias conclusões, não recomendo como uma verdade absoluta mas como uma nova possibilidade de entender algumas coisas que muitas vezes não apresentam uma explicação formal.
Voltando ao tema do texto, meu sobrinho e amado Lucas está em casa novamente...mas não da forma que pensaríamos que ele iria voltar, ou seja, cirurgiado... pois é, ele não precisou passar por uma cirurgia...mas como? se nos foi apresentado que a cirurgia seria a única solução para o caso dele?
Mas vamos voltar um pouco no tempo...
Ele se internou na terça dia 25 de outubro após uma crise mais forte...na quarta, após uma avaliação do seu quadro clínico, a sua neuropediatra juntamente com a neurocirurgiã do Hospital da Restauração recomendaram a cirurgia como urgente e necessária, nos apresentando esse caminho como única alternativa. Assim, aceitamos o diagnóstico médico com resignação e entregamos a vida do Lucas a Deus ... foram momentos de muito medo, muitas dúvidas e muita insegurança quanto ao que viria depois, pois nada nos foi falado sobre sequelas e problemas futuros.
Para nos fortalecer, minha família procurou se apegar em orações colocando nesse círculo de fé e esperança todos os nossos sentimentos... na ocasião, as orações feitas nos aliviaram e abrandaram a nossa alma com a leitura e reflexão do texto "A tempestade acalmada" do Livro de Marcos 4:35-41.

Marcos 4

35 Naquele dia, quando já era tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado.
36 E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia com ele também outros barcos.
37 E se levantou grande tempestade de vento, e as ondas batiam dentro do barco, de modo que já se enchia.
38 Ele, porém, estava na popa dormindo sobre a almofada; e despertaram-no, e lhe perguntaram: Mestre, não se te dá que pereçamos?
39 E ele, levantando-se, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E cessou o vento, e fez-se grande bonança.
40 Então lhes perguntou: Por que sois assim tímidos? Ainda não tendes fé?
41 Encheram-se de grande temor, e diziam uns aos outros: Quem, porventura, é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?

Após as orações, ficamos conversando um pouco sobre o por que de tudo isso. Como conhecemos um pouco da doença, sabíamos que esse momento mais crítico chegaria mais cedo ou mais tarde e, naquele momento chegamos à conclusão de que foi bom que esse momento tenha chegado mais cedo, que ele passaria pela cirurgia e que estaria em casa o quanto antes!
Mas, por obra de Deus, ou do destino, ou das coincidências (ou as três coisas em conjunto, conectadas e simultaneamente) a cirurgia, marcada para o dia 31, foi desmarcada por falta de UTI. No momento, saber do adiamento da cirurgia caiu como uma bomba em nossas cabeças e vimos isso apenas como uma coisa negativa e como atraso no seu tratamento. No entanto, no dia seguinte, o chefe da equipe de neurocirurgiões do hospital passou na enfermaria para avaliar os casos de internamento e cirurgia. Quando ele pegou o prontuário de Lucas questionou o diagnóstico com a utilização do procedimento cirúrgico, explicando que a localização do tumor era muito difícil e delicada e que as sequelas estavam diretamente relacionadas à visão e ao sistema motor, ou seja, seria tirado dele as condições que pra ele são extremamente importantes para a sua qualidade de vida... seria justo isso?
O interessante disso tudo é que minha prima Ladjane, que tem um nível de religiosidade e espiritualidade muito forte, no domingo anterior à cirurgia estava participando de um evento da igreja católica e, em suas, orações, ela havia pedido uma interseção por Lucas. A visão que ela teve era de um médico explicando para Léia alguns procedimentos e Lucas chamando por Jesus... ela não sabia que o caso do Lucas estava sendo tratado por mulheres e sua visão bate com a descrição do médico que optou por tratar o caso dele com outra alternativa, deixando a cirurgia como última instância e que já há no mercado um novo medicamento que precisa ser testado no tratamento dele.
Lembro também que na nossa conversa, após as orações, eu havia comentado que as coisas só acontecem por alguma razão e que a gente só entende as coisas depois que elas acontecem... e, nesse caso, cheguei à seguinte compreensão:
Minha irmã Betânia esta semana me fez a seguinte pergunta: 

Por que Lucas ficou internado sem nenhum propósito? por que ele e nós passamos por tudo isso? 
Assim, eu fiz a seguinte reflexão: todo o tratamento do Lucas está sendo feito no Osvaldo Cruz, de modo que em nenhum momento achávamos que poderíamos encontrar respostas em outro lugar, assim, vejo que nada aconteceu por acaso, ele precisava estar ali internado, prestes a fazer uma cirurgia que não aconteceu, para que pudesse estar no lugar certo, na hora certa e descobrir que poderia haver outra alternativa... é aquele velho ditado que diz que "o universo conspira em nosso favor", ou seja, precisaríamos encontrar aquele médico e buscar nele outras respostas e outras possibilidades! E é nisso que acreditamos!

Tem uma ideia que sigo cegamente: tudo é no tempo de Deus, Ele está agindo, mas nunca no nosso tempo, mas no tempo Dele, por isso precisamos esperar e observar os acontecimentos e identificar as oportunidades... as vezes as coisas acontecem e nem percebemos, por isso precisamos ficar atentos e pacientes... claro que precisamos também colaborar, pois a espera, não significa, necessariamente, ficar de braços cruzados.
A leitura do livro reforçou ainda mais esse entendimento que eu tinha sobre a vida, assim, segue o link para quem ficar curioso (a), assim como, a nota do autor sobre a obra:
http://floraisdaamazonia.files.wordpress.com/2010/06/a-profecia-celestina.pdf


Haja meio século, uma nova consciência vem invadindo o mundo humano, um novo conhecimento que só se pode chamar de transcendente, espiritual. Se você se descobre lendo este livro, talvez já sinta o que está acontecendo, já sinta isso dentro de si.
Começa com uma maior percepção de como nossas vidas seguem em frente.
Notamos aqueles acontecimentos casuais que se dão no momento certo, e fazem aparecer os indivíduos certos, e de repente lançam nossas vidas numa nova e importante direção. Talvez mais que quaisquer outras pessoas, em qualquer outra época, intuímos um sentido superior nessas misteriosas ocorrências.
Sabemos que a vida na verdade é um desdobramento espiritual, pessoal e fascinante — um desdobramento que nenhuma ciência, filosofia ou religião esclareceram completamente ainda. E sabemos outra coisa também: que tão logo compreendamos o que se passa, como utilizar esse processo alusivo e maximizar sua ocorrência em nossas vidas, a sociedade humana dará um salto quantitativo para um modo de vida inteiramente novo — um modo que realize o melhor de nossa tradição — e criará uma cultura que sempre foi a meta da história.
A história seguinte é oferecida a essa nova compreensão. Se comover você, se cristalizar alguma coisa que você percebe na vida, passe a outro o que vê — pois acho que nossa consciência do espiritual está se expandindo exatamente dessa forma, não mais pela publicidade e a moda, mas pessoalmente, por um tipo de contágio psicológico positivo entre as pessoas.
Tudo o que qualquer um de nós tem de fazer é suspender as dúvidas e distrações apenas o tempo necessário... e milagrosamente essa realidade pode ser nossa.

Bom filme! Boa leitura! Boas reflexões! Boas conclusões!