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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Entre mães e filhas

As relações entre mães e filhas podem ser ao mesmo tempo extremamente ligadas por um fio de amor como por um condutor elétrico, ou seja, dando choques à todo tempo. Eu sou do tempo em que notas boas eram motivos de orgulho para minha mãe... não tinha isso da mãe acompanhar o filho durante o período letivo, pois a única coisa que importava era a aprovação no final do ano. Hoje, aprovação final na escola virou moeda de troca!
Isso tem me deixado muito preocupada, pois estou vivenciando esse sentimento dentro de casa. Não digo que estou vivenciando uma relação de amor e ódio, mas com certeza, uma relação de amor e choque! Talvez seja apenas choque de ideias ou de gerações, mas isso tem deixado os ânimos exaltados lá em casa...
Lembro da minha adolescência, também não foi fácil nem para mim e muito menos para a minha mãe... vivíamos às turras o tempo todo, mas do meu ponto de vista, eu estava sempre certa... e agora? quem está certa e sob qual ponto de vista?
Cada uma à sua maneira quer estar certa, no entanto, sei que por experiência o caminho a ser seguido é o caminho apontado por mim... o problema é, como fazê-la entender? Não tenho resposta para isso, nem receita a ser seguida. As vezes me questiono: onde estou errando? o que devo fazer?
Pois é justamente esse sentimento que eu tenho: o de estar errando o tempo todo!
No entanto, a única certeza que eu tenho é a de querer acertar, mesmo errando muitas vezes...
Agora sei o quanto minha mãe sofreu comigo, pois em muitas atitudes de Dandara me vejo nas suas ações, só não lembro do alto nível de mau humor e estresse... será que isso é reflexo da modernidade na qual estamos envolvidos? É muito sofrimento por tão pouco e as vezes até por nada, pelo menos para mim que não vejo problema algum.
Um segundo de tranquilidade... tenho que aproveitar né...
Mas tento, na medida do possível, me colocar no lugar dela e relembrar que também passei pela turbulência da adolescência e sempre que me recordo, associo minha adolescência a muito sofrimento: magra, feia, pequena, cabelo curto, pernas finas e sem dinheiro para nada! Quer mais? Nenhum menino olhava para mim!!!rsrsrsr
Pelo menos, como as gerações são diferentes, as necessidades são diferentes e os desejos extremamente caros, enquanto eu queria uma roupinha decente para ir na festa da padroeira, ela quer Ipad, bicicleta, violão novo, óculos...tudo ao mesmo tempo agora!
Aliás, ela quer não, ela exige! No entanto, também sei que quando conseguimos as coisas fáceis demais a gente nunca valoriza o que tem, pois sempre algo novo vai surgir e gerar uma nova necessidade e logo, uma nova exigência e isso tem sido difícil de fazê-la entender... nem sempre a gente consegue ter tudo que a gente quer e que o "NÃO" também significa aprendizado. A vida é assim! 
Aí lembrei de um texto que li há algum tempo... que fala sobre as mães más e daí me senti um pouco melhor e menos dura, pois sei que tudo que faço é por amor e pela certeza de querer encaminhá-la para a vida real. 

“Um dia quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães, eu hei de dizer-lhes:

- Eu amei-vos o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.

- Eu amei-vos o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.

- Eu amei-vos o suficiente para vos fazer pagar os rebuçados que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro, e vos fazer dizer ao dono: “Nós tirámos isto ontem e queríamos pagar”.

- Eu amei-vos o suficiente para vos deixar ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.

- Eu amei-vos o suficiente para ter ficado em pé, junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o vosso quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.

- Eu amei-vos o suficiente para vos deixar assumir a responsabilidade das vossas acções, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo, eu amei-vos o suficiente para vos dizer NÃO, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em alguns momentos até odiaram).

Estas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci... Porque no final vocês venceram também! E qualquer dia, quando os meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães; quando eles lhes perguntarem se a sua mãe era má, os meus filhos vão lhes dizer:

“Sim, a nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo...As outras crianças comiam doces no café e nós só tinhamos que comer cereais, ovos, torradas. As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvetes ao almoço e nós tinhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. Tinha que saber quem eram os nossos amigos e o que nós fazíamos com eles.

Insistia que lhe disséssemos com quem iamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos. Ela insistia sempre connosco para que lhe disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade.

E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata!

Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos; tinham que subir, bater à porta, para ela os conhecer.

Enquanto todos podiam voltar tarde tarde da noite com 12 anos, tivemos que esperar pelos menos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata levantava para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar).

Por causa da nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência.
- Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em actos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime.

FOI TUDO POR CAUSA DELA!
Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o melhor para sermos “PAIS MAUS”, como a minha mãe foi. EU ACHO QUE ESTE É UM DOS MALES DO MUNDO DE HOJE: NÃO HÁ SUFICIENTES MÃES MÁS!

Aquelas que já são mães, que não se culpem, e aquelas que serão, que isso sirva de alerta!
(Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatra)

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